quinta-feira, 22 de setembro de 2022

 


    A razão pela qual ignoramos com tanta frequência algumas emoções é porque vivemos numa cultura que nos diz que não precisamos delas e que nos oferece uma abundância de possibilidades:

  • Está triste? Há uma sobremesa para isso...
  • Está entendiado? Há uma série para isso...
  • Está sozinho? Tem um aplicativo para isso...
  • Esta irritado? Tem uma substância para isso... 

    Nós nos voltamos à muitas coisas para nos auxiliar a nos sentir melhores e resolver o estresse. Elas liberam uma grande dose de dopamina em nosso cérebro, o que nos da a sensação de prazer, satisfação e aumenta a motivação, nem que seja por um momento. Podemos chamam esses produtores de dopamina de "prazeres".

    Nosso cérebro é programado para buscar comportamentos que liberam dopamina em nosso sistema de recompensa a todo o custo. Junk foods, laches gordurosos, refrigerantes, frituras e açúcar podem provocar a liberação de uma grande quantidade de dopamina, por isso são tão viciantes. Álcool, maconha e cocaina são exemplos de substancias com um poder ainda maior de provocar uma verdadeira "explosão" de dopamina no nosso cérebro, gerando prazer e euforia. A sensação intensa de satisifação nos faz querer repetir cada vez mais essa experiência aumentando muito a chance de dependência

    Mas é o seguinte: tentar resolver continuamente o estresse com prazeres, pode diminuir nossa capacidade de como lidar com essa condição. Tentar ignorar as causas do esgotamento físico e mental  pode nos levar na direção de hábitos nocívos. Precisamos cultivar um olhar diferente em relação aos nossos problemas, aceitar o que não podemos mudar, não sermos vítimas do perfeccionismo e ficar atento aos alertas que o nosso corpo nos dá.

    Existem formas de aumentar os níveis de dopamina em nosso cérebro através de práticas saudáveis como: 

  • Comer alimentos ricos em proteínas
  • Beber bastante água diariamente
  • Praticar exercícios
  • Ter uma boa rotina e qualidade do sono 

    Para qual prazer você está se voltando quando se sente estressado?

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Pequenas alegrias da vida adulta

 


    Suas contas estão espalhadas sobre a mesa. Seu celular de trabalho não para de receber novas notificações. Sua casa precisa de reforma. Seus filhos estão drenando sua energia. E você está apavorado em ir trabalhar no dia seguinte. Não é surpresa que atualmente estamos mais estressados do que nunca.

    Tentar escapar do estresse perseguindo a felicidade é na verdade a receita para um estresse ainda maior. A alegria é a satisfação interna que sentimos quando buscamos bem-estar e sucesso, mesmo em meio a grande dificuldade. A alegria não e algo que temos automaticamente, mas que pode ser cultivado. Isso nos faz sentir melhores e mais positivos, porém se difere da felicidade por poder estar presente mesmo em tempos dificeis.

    "Um sábado de paz onde se dorme mais", "o gol da virada quase que nóis rebaixa", "encontrar uma tupperware que a tampa ainda encaixa", "um boa promoção de fraldas nessas drogarias"...pequenos momentos em familia ou o simples beijo de "vai com Deus" da sua esposa ao sair para o trabalho. 

    A poesia do hip-hop do mestre Emicida, compositor da música "Pequenas alegria da vida adulta" do albúm "AmarElo", descreve algumas essas pequenas alegrias que podemos encontrar e desfrutar mesmo em meio as nossas batalhas do dia a dia. Quando você está passando por dificuldades, é muito difícil ser feliz. Suas circunstâncias externas não lhe permitirá isso. Mas quando você está enfrentando problemas, é muito possível ter alegria.  Experimente colocar as palavras "alegria" e "disciplina" na mesma frase...

    "O bom senso diz: respire um momento. É sobre aprender tipo giz e lousa, o espírito repousa, reza e volta cem por cento..." 

    A principio pode não fazer muito sentido, mas é uma escolha diaria possivel de ser cultivada. 

    "Cale tudo o que o mundo fale e pense o quanto a vida vale...seja a luz desse mundo cinzento..."

    O que deixa o seu dia mais feliz?

    
    Nos vemos,

    Diego Moraes


    Texto pelo "Setembro Amarelo", campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
    

domingo, 17 de julho de 2022

Paciente 63 (1° temporada - 2021) - Análise



 “Acredite no futuro...”


    22 de outubro de 2022. Um homem desconhecido é encontrado sem roupas na rua, agitado, confuso e afirmando ser um viajante do futuro. Uma psiquiatra que tem como desafio avaliar e desvendar a história por trás do enigmático paciente 63. 

    Uma série em formato de podcast Original Spotify, “Paciente 63” (2021) acompanha o embate psicológico entre a psiquiatra Dra. Elisa Amaral (Mel Lisboa) e o enigmático Pedro Hoiter (Seu Jorge), que afirma ter vindo do ano de 2062. Sua missão: mudar o futuro para evitar uma catastrofe sem precedentes. 


"No futuro não temos nada..." 


    O ator, cantor e compositor (e bom em tudo que mete a mão), Seu Jorge, dá vida ao paciente 63, que com sua voz marcante leva o ouvinte a uma viagem entre o futuro e o passado, na tentativa de evitar a pandemia de um virús que irá exterminar a humanidade no futuro. Soou familiar? Para a personsagem interpretada pela talentosa atriz Mel Lisboa, o que no início parecia mais um caso de psicose paranóide, aos poucos a faz questionar os limites entre o que é delirio ou realidade

    Com seu jeito persuasívo, inteligente e sedutor, ao longo das sessões terapêuticas Pedro precisa convencer a doutora Elisa que ele é quem diz ser, e que ela é a unica capaz de imperdir o paciente zero: uma misteriosa mulher que vai desencadear a sequência de eventos que trará o fim da vida como conhecemos no futuro. 

    Originalmente, o roteiro da série foi escrito pelo chileno Julio Rojas e lançado em espanhol, e agora ganhou sua versão brasileira. Com uma produção e edição sonora impecável , a química entre Seu Jorge e Mel Lisboa é tão incrível que nos fazem acreditar que estamos ouvindo gravações de relatos que poderiam ser reais. O contexto da pandemia da COVID-19 faz com que os temas abordados na série se tornem ainda mais atrativos e quase palpáveis, misturando realidade, ficção, saúde mental, doenças mortais, controle social, comportamento humano e um amor que atravessa a barreia do tempo. Uma história de dois personagens que pordem ter o futuro da humanidade nas mãos.

Será mesmo???

As 1° e 2° temporadas de "Paciente 63" estão disponíveis no Spotify


Nos vemos,

Diego Moraes

sábado, 26 de março de 2022

Porque escolhi a Psiquiatria?

 


    Quem me conhece sabe que sempre que pensei em fazer medicina a primeira escolha de especialidade era a ortopedia. Aos 17 anos fui estudar fisioterapia no Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP. Durante o ensino médio no IAENE (atual Faculdade Adventista de Bahia) eu tinha uma vida intensa de atividades musicais: tocava piano, saxofone, participava de banda sinfônica e cantava em corais e grupos na igreja. Apesar de não saber nada sobre o que era a fisioterapia, acabei sendo afetado pelo efeito de manada, já que vários amigos estavam indo estudar em São Paulo. O UNASP é conhecido por ser uma potência musical e referência para toda a Igreja Adventista do Brasil e no mundo, e o curso de fisioterapia era um dos curso da área de saúde oferecidos que mais me chamou a atenção, apesar do real motivo de ter decido ir estudar lá: a música. "Mas porque você não fez faculdade de música?", muitos me perguntaram. Até pensei seriamente nessa ideia naquele período, mas escolhi ter a música como um hobbie e investir em uma carreira como profissional da saúde. No 4º e penúltimo ano do curso de fisioterapia, iniciei paralelamente o curso de bacharelado em Educação Física. Estava muito interessado na área de reabilitação ortopédica e esportiva e me pareceu uma ótima ideia me aprofundar na ciência do esporte, já que muitas das matérias eram as mesmas oferecidas nos 2 cursos e ministradas pelos mesmos professores. Pude eliminar de cara aproximadamente 24 disciplinas na Educação Física, o que me permitiu concluir os 4 anos do bacharelado em apenas 2 anos e meio. Me especializei em Osteopatia e em Reeducação Postural Global (RPG) e ao final dos meus 7 anos como aluno do UNASP, retornei a Belém no final do ano de 2008. 

    Em 2009 e 2010 atuei como fisioterapeuta e educador físico, trabalhando em academias, clinicas e no Hospital Adventista de Belém (HAB), mas ainda não estava satisfeito profissionalmente. Em 2011 tive a oportunidade de ir estudar medicina na Universidade Adventista del Plata (UAP) na Argentina, onde morei e trabalhei por 8 anos. Já escrevi um artigo aqui no blog de como foi a experiência de estudar fora do Brasil: 5 motivos para estudar medicina na UAP

    Ao longo do curso de medicina, sempre fui atraído pela áreas da cirurgia e emergência. Achava fascinante os atendimentos aos pacientes graves, procedimentos invasivos e toda a parafernália que envolve esse tipo de ambiente. Sempre ouvia que a ortopedia seria a escolha natural: devido a formação e conhecimentos prévios em fisioterapia e educação física, como ortopedista eu seria um profissional "completo".    

    E assim foi durante toda a faculdade e até pouco tempo atrás. Muita gente ficou 😱😱😱 quando disse que ia na direção da psiquiatria 😅. "Como assimmmmm????"

    Pois é...

   Há pouco mais de 1 ano atrás, no auge da segunda onda da COVID-19, vivenciei uma "pandemia" de pacientes durante minha atuação na atenção básica com queixas aparentemente orgânicas: dor torácica, dores de cabeça, dor abdominal, dor lombar, episódio de diarreia persistente, insônia, falta de ar, falta de apetite e etc. Em 5 min de conversa os pacientes contavam que se sentiam angustiados, tristes, ansiosos, com medo e muitos entre lágrimas e soluços contavam que haviam perdido um pai, a mãe, um filho, familiares e amigos pra COVID. Outros eram sobreviventes de internações prolongadas e complicadas ou apenas com muito medo de contrair a doença e morrer. A consulta que deveria ser objetiva pela grande demanda de pessoas no posto de saúde, passava a ser uma sessão de "terapia" de 30, 40 mim. Notei que em vários casos consegui conduzir a situação sem pedir nenhum exame ou prescrever qualquer medicação. Só a "papoterapia" foi eficaz para controlar os sintomas físicos e acalmar a dor emocional. Daí em diante passei a ter uma verdadeira relação de amor com a saúde mental, e a aparente certeza de querer ser um cirurgião se tornou pelo objetivo de ser psiquiatra. Doidera, verdade?? 🤪

    Minha primeira escolha era entrar na residência aqui mesmo em Belém e ficar no meu canto já estabelecido e próximo da minha família. E Deus foi bom e me deu esse presente!! Fui agraciado com novos amigos e parceiros R1s, e muito bem recebido pelos demais residentes, preceptores e equipe de enfermagem no hospital.

    A realidade das doenças mentais graves é complexa, trabalhosa e muitas vezes triste, mas vejo como uma oportunidade de aprendizado e uma forma de ajudar a aliviar a dor desses indivíduos muitas vezes esquecidos, abandonados e marginalizados pela família e sociedade. Essas primeiras semanas na residência me deram a certeza que acertei em escolher a psiquiatria!!

    Me despeço com esse vídeo da minha nova casa pelos próximos 3 anos: Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.




Nos vemos,

Diego Moraes

sexta-feira, 18 de março de 2022

De medicina na UAP à aprovação no Revalida



    Em novembro de 2021 fui convidado pelo Estratégia MED, que oferece cursos para Residência Médica e Revalida, a contar um pouco sobre a minha trajetória desde o inicio do curso de medicina na Argentina até o final do processo de revalidação do meu diploma no Brasil. A entrevista foi conduzida pela equipe de marketing da empresa e escrita por Giullyana Aya. 


     “Eu sinto que a gente tem que se esforçar o dobro para mostrar que é competente”: trajetória de um aprovado no Revalida

Por Giullyana Aya - Publicado em 29 de novembro de 2021


    Confira a história de Diego Moraes, médico aprovado no Revalida que estudou com o Estratégia MED e conquistou seu CRM em 2021. Conheça, além de como ele se preparou, a sua emocionante trajetória pessoal e profissional!


    Escolha da Medicina

    “Dez anos atrás eu ajoelhava, orava e pensava de olhos fechados ‘Senhor, o meu sonho é ser médico e não sei nem por onde começar, será que algum dia isso vai se concretizar?”, relembra Diego Moraes, 37, de Belém, Pará, que recentemente obteve sua aprovação no Revalida 2020.

    Diego iniciou a sua carreira como fisioterapeuta e educador físico, realizou os dois cursos paralelamente. Após finalizar o ensino médio, escolheu a fisioterapia e na metade do curso, se interessou pela parte de reabilitação esportiva. Porém, quando se formou, ficou infeliz com a pouca valorização e remuneração do mercado de trabalho.

    O belenense, então, escolheu a medicina. Contudo, após oito anos sem estudar para o vestibular e por uma questão financeira, além de pensar que “não tinha mais cabeça” para encarar quantos anos de cursinho fossem necessários para a aprovação em uma universidade pública, optou por estudar fora do Brasil, já que as faculdades particulares seriam inviáveis financeiramente. 

    O foco de Diego era a ortopedia, “desde antes da medicina eu sempre me encantei com a ideia de ser cirurgião, achava que eram os melhores médicos, tinha essa ideia boba”. Além disso, por ter uma formação prévia em educação física e fisioterapia, ele - assim como todos ao seu redor - pensavam que o ideal seria conciliar as três profissões com a especialidade de ortopedia, “sempre ouvia que eu seria o profissional completo, disse ele.

    Durante a faculdade de Medicina na Universidade Adventista del Plata (UAP), Argentina

    O local escolhido para a formação foi a Universidade Adventista del Plata (UAP), na Argentina, faculdade cristã privada em Libertador San Martín, na província de Entre Rios. “Eu sou adventista e era uma universidade muito boa, consolidada, com quase 25 anos formando médicos”. No Brasil, a faculdade de medicina tem duração de seis anos, sem contar os anos de especialização. Na Argentina, são sete anos de estudos. Diego, após se formar, trabalhou por 1 ano e meio na Argentina e voltou para o Brasil por meio do Programa “Mais Médicos”, criado em 2014 com o objetivo de suprir a carência de médicos no interior e nas periferias das grandes cidades brasileiras.

    O período do curso na Argentina é maior por conta do conteúdo programático. São seis anos de internato rotativo nas quatro grandes áreas médicas e o sétimo ano realizando serviço comunitário, com a ideia do médico focar especificamente na atenção básica ou em algo que envolva prevenção de saúde. A UAP tinha convênios com outras instituições no mesmo país e em outros. O internato de Moraes, por exemplo, foi realizado em sua cidade natal, no Hospital Adventista de Belém, instituição particular mais importante do estado. Portanto, Diego passou seu sexto e sétimo ano realizando serviço comunitário no Brasil. Apenas voltou para a Argentina para a formatura.
    
    Sobre o período na Argentina, Diego diz que academicamente o país está um passo à frente do Brasil. Ele faz a afirmação com a propriedade de quem realizou dois cursos superiores completos no país natal. “É completamente diferente a pegada deles, a parte acadêmica, o respeito que eles têm pelo professor, são muito tradicionais e sérios nesse sentido. O sistema de avaliação é muito mais exigente também”.

    Na Argentina, também há o sistema das provas finais, o que não existe no Brasil. Ou seja, Diego passava suas férias de fevereiro e julho estudando para as avaliações e não tinha férias.  Mesmo sendo cansativo, o médico percebeu ser capaz de absorver e administrar todos os conteúdos.

    Além disso, a Universidade del Plata, desde sua fundação, posiciona-se como uma universidade internacional, com mais de 50 países representados. Diego se sentia em um ambiente receptivo ao estrangeiro e nunca sofreu qualquer tipo de preconceito. “Me senti mais bem recebido lá como estrangeiro do que quando voltei aqui no Brasil como profissional”, relata.

    Na Argentina, o profissional sentia que a distância, em relação a satisfação, reconhecimento e remuneração, entre um médico e os demais profissionais de saúde era menor do que a do Brasil. E, pensando nas dificuldades da volta para o país de origem, percebe que é inevitável não passar a impressão para alguns brasileiros de que a experiência ao estudar em outro país é, no geral, ruim.

    Porém, Diego afirma que, se não fosse toda a dificuldade em lidar com a questão da burocracia e se a volta para o Brasil fosse mais simples, teria escolhido se formar fora de qualquer maneira. Uma das razões é a experiência internacional que, para ele, não tem preço, como conhecer outra cultura, dominar um segundo idioma e ter oportunidade de trabalhar em outro país, com uma perspectiva diferente de um sistema de saúde. Na universidade, ele passou por uma experiência multicultural que diz ser incrível e inesquecível.

    A realidade do médico estrangeiro no Brasil

    Para Diego, o fato de ter se formado na Argentina passa a sensação de que o governo brasileiro não tem a obrigação de reconhecê-lo, já que o Brasil oferece a faculdade no próprio país. “Não quero vestir a carapuça de vira-lata”, diz ele. Apesar disso, ele sente que o curso de medicina tem “uma pedrinha a mais”, um grau de dificuldade elevado em comparação aos outros cursos na hora da convalidação graduação, pós-graduação e mestrado.

    Segundo Moraes, isso demonstra o poder do Conselho Federal de Medicina (CFM) e como os médicos formados no Brasil enxergam os de fora como ameaça, “como se o esforço deles de passar aqui tivesse sido menosprezado, que vamos atrás de facilidade lá fora e agora queremos facilidade para entrar", ironiza Diego. Além disso, o médico também se questiona: "será que se eu tivesse me formado aqui no Brasil eu pensaria da mesma forma que eu penso sendo formado fora?”.

    Para Moraes, o governo reclama sobre a dificuldade de conseguir médicos para lugares mais distantes e com menos recursos. Por outro lado, alguns médicos realmente não querem ir justamente pela falta de recursos, então acabam se concentrando nos grandes centros. Assim, o Mais Médicos chega para trazer os médicos de fora do país para os lugares recusados por outros profissionais. Para Diego, a carreira médica do ponto de vista de status e financeira é atrativa e é interessante para os médicos limitarem a quantidade de  outros médicos, pela lei da procura e oferta - quanto menos médicos mais alto vai ser plantão e a consulta. 

    Como consequência de seus estudos no exterior, quando retornou para o Brasil, Diego - assim como a maior parte de quem faz medicina fora do país - encontrou muito preconceito dos próprios colegas médicos, dos quais ouviu piadas. “Eu sinto que a gente tem que se esforçar o dobro pra mostrar que somos competentes, que você tem uma boa formação, sólida, sabe o que está fazendo e vai encarar o Revalida.

    De médico revalidando a médico revalidado

    O médico fez parte da leva de pessoas formadas no final de 2017, mesmo período em que o Revalida deu uma pausa de três anos por falta de recursos. “Me formei com aquele sonho de que em 2018 eu ia ter a prova, ia ter tudo, e não teve em 2018 e 2019, mas só no final de 2020. Não ter uma data para a próxima avaliação foi difícil para Diego, que diz ter funcionado na base da pressão.

    O hiato de três anos gerou em Moraes ansiedade e incerteza, ainda mais durante a pandemia da COVID-19, que “fez todas as leis serem passíveis de ficarem descumpridas”, segundo ele. Em março de 2022, ele completa seu terceiro ano no Mais Médicos, “posso consultar, pedir exame, assinar atestado de óbito, mas não posso trabalhar em outro lugar, é ridículo isso”. Para ele, poderia existir uma prova específica para os médicos que estão no Mais Médicos, com conteúdos do dia a dia. “O pessoal que estuda fora só quer a oportunidade de fazer a prova e a lei está aí para nos amparar, mas ainda não foi respeitada. É o terceiro ano da aprovação do Revalida que ainda não tivemos duas provas anuais, é só o que o pessoal quer”, explica Diego. 

    O Revalida, para ele, é uma prova de fogo, além de ser um pouco injusta. “A prova escrita seguiu o padrão dos últimos anos, mas agora a prova prática realmente tinha um pouquinho de maldade, disse Diego. Para ele, ainda, os revalidandos são alvos de uma avaliação diferente do que seria aplicada para avaliar os formados no Brasil, “fica esse sentimento, mesmo pra quem aprova. A gente fica com a sensação de que somos um corpo estranho dentro do próprio país. Para Diego, essa aparente política de reserva de mercado do Conselho Federal de Medicina é muito pesada, “tem muito isso de achar que vamos estar roubando espaço, roubando pacientes, eles não economizam no que podem fazer para dificultar nossa aprovação. Segundo as estatísticas, foram 7% de aprovados no Revalida de 2020, “será que realmente só 7% dos 15 mil médicos formados fora não têm o conhecimento e preparo mínimo para atender os pacientes aqui?”, diz Moraes.

    O projeto de lei 6.176/2019, aprovado pelo senado em novembro de 2019, determinou que terão duas provas para o Revalida por ano. “Para o povo que está chegando agora, eu acho que será menos estressante, porque se você não tentou agora já sabe que no próximo semestre vai ter outra prova. Esse processo dinâmico vai ajudar muito ao pessoal a estudar e se focar melhor”, disse Moraes.

    Diego começou a estudar para o Revalida já nos seus últimos anos de faculdade e passou seus próximos três anos de espera estudando ininterruptamente, enquanto estudava com materiais de quase todos os cursinhos do mercado, intensivos e extensivos. Foi nesse momento que ele conheceu o Estratégia MED, através de uma propaganda em suas redes sociais sobre o Banco de Questões. Para ele, o curso chegou para suprir a sua necessidade, pois “todos os outros [cursos] tem o banco de questões, mas para os assinantes do curso completo extensivo, então eu já não aguentava mais ver aula, eu queria ficar respondendo questões e para mim não tinha vantagem pagar novecentos, mil e poucos reais só para isso. Foi a sacada de mestre que deu uma rasteira em toda a concorrência, Estratégia MED, o maior diferencial de vocês. Um preço menor só para quem quer ficar respondendo questões”.

    Além disso, Diego também tem acesso a provas antigas e simulados. Para ele, os comentários do Estratégia MED são completos, o que elimina a necessidade de procurar o porquê, por exemplo, de alguma questão estar incorreta, pois os professores são muito qualificados e já explicam com o conteúdo mais atualizado possível. “Queria ter conhecido o Estratégia MED um pouco antes. É algo que faço propaganda de graça”.

    Mudança de planos e as provas para Residência Médica

    Durante toda a sua vida, a Ortopedia era a opção ideal, ainda mais por ser formado em fisioterapia e educação física. Para ele e para todos a sua volta, ele seria um “profissional completo” ao combinar as profissões. “Descobri que eu estava romantizando a ortopedia”, diz ele, que após avaliar a especialidade. Percebeu que na Psiquiatria encontraria uma oportunidade de vida mais tranquila, sem o estresse, responsabilidade e risco de um ambiente cirúrgico que o profissional assume.

    A Psiquiatria veio à tona na vida de Diego, principalmente durante a pandemia, que segundo ele, “escancarou e descompensou quem já tinha problema mental e quem não tinha acabou desenvolvendo”. Durante as suas consultas e desabafos de pacientes, ficou claro o que o médico deveria fazer dali para a frente. Ele simpatizou, se identificou e descobriu um amor que pensou não poder existir pela Psiquiatria, já que desde antes da Medicina ele pensava que os cirurgiões eram os “médicos mais tops” e seguiu o motivo errado: status. Hoje, ele não pretende prestar prova para nenhuma outra área além da Psiquiatria e diz não ter um plano B para outra especialidade.

    Até janeiro de 2022, o médico pretende realizar 8 provas, dentre elas, a SURCE e SUS-SP, e, para isso, já garantiu os Sprints do Estratégia MED.  A única aprovação em Residência Médica que faria o médico pensar em sair de Belém seria no seletivo do SUS-SP, por conta da credibilidade das instituições participantes da prova e no reconhecimento destas no mercado, “quero ficar em Belém por conta de comodidade, família, minha vida está aqui, vou morar em casa, a questão financeira vai ser melhor”, explica.

    Conselho de Diego aos revalidandos e futuros residentes

    Diego frisa o quanto as situações não são fáceis para ninguém, para a pessoa formada no Brasil e muito menos para a formada fora do país. Para ele, existem pessoas que se preparam do jeito que conseguem, não têm dinheiro para pagar um curso caro no Brasil e acabam indo para o exterior para ter acesso a um conteúdo bom com o valor mais acessível. “Não é fácil para ninguém, mas a gente tem que sonhar e a nossa hora vai chegar, nunca desista”
    O seu objetivo na medicina é conciliar a assistência médica com a docência, “quero morrer num hospital universitário, dando aula para os alunos e atendendo meus pacientes, mas estando com alunos ao lado”. Além disso, outro objetivo, descoberto recentemente, é o de que Diego deseja seguir na área de Psiquiatria. O profissional abandonou, de uma vez por todas, a Ortopedia.

    O médico ainda diz que apesar de todas as dificuldades financeiras, com idioma, outro país, “se a gente for listar a gente não sai daqui hoje”, todos devem acreditar em si mesmos e que não existe conquista sem sangue. Para ele, “quanto mais alto você quer chegar, maior seu sacrifício”. Por isso, é comum renunciar a certas situações e confortos para estudar, mas sem exagero para não acabar indo mal nas provas e ainda desenvolver um burnout. “Não quero fazer da Medicina o meu tudo, vai ser uma parte importante, mas quero encontrar esse equilíbrio”.

    Diego, em seu tempo livre, pratica exercícios físicos, canoagem e sai com amigos nos finais de semana, porém, está focado até a sua última prova de Residência Médica. “Se você quer muito uma coisa você tem que estar disposto a pagar o preço, mas de uma forma inteligente”.

    Ao abrir seus olhos e perceber que passaram dez anos do seu primeiro “será que conseguirei ser médico no Brasil?”, Diego diz sentir que exorcizou um fantasma chamado Revalida em sua vida, já que tinha tanto em jogo, como a sua credibilidade - por sentir, muitas vezes, que precisava provar algo para alguém - e a expectativa de sua família. “Ter passado no Revalida foi a cerejinha do bolo para falar: eu fui e passei no sistema de avaliação, justo ou injusto, que o governo brasileiro me submeteu”, revela o médico. Hoje, ele diz ter a sensação de dever cumprido e que o sonho de Medicina, que antes estava pela metade, finalmente se concretizou.


    
    Algumas semanas após essa entrevista, fui aprovado no Programa de Residência Médica em Psiquiatria na Fundação Hospital de Clinicas Gaspar Vianna (FHCGV), em Belém, que era minha primeira opção. Agradeço a Deus pela concretização desse sonho!! Assim encerro meu período como estudante de medicina e inicio esse novo ciclo de construção da minha carreira médica


Nos vemos,

Diego Moraes

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Por que minhas costas doem?




     Essa é uma das diversas perguntas feitas pela grande maioria dos meus pacientes na tentativa de entender o porque da dor nas costas: "É muscular?", "É uma vértebra travada ou fora do lugar?", "É um nervo inflamado?", "É pelo desvio na coluna?"

    Identificar a origem da dor é o primeiro desafio que o profissional especializado no tratamento dos distúrbios da coluna se depara. Já se sabe aproximadamente 80% das dores nessa região do corpo são de origem idiopática (nome bonito que a medicina criou para dizer "não sei"), o que praticamente nos obriga a investigar todas as possíveis causas e fatores associados a queixa especifica de cada paciente.

    As diversas estruturas da coluna vertebral ou associadas a ela como: vértebras, músculos, ligamentos e nervos podem provocar estímulos que causam a sensação da dor. Elas possuem receptores especializados que informam o cérebro quando algo esta errado. Através de um bom interrogatório e um minucioso exame físico, é possível "ouvir" o que cada uma dessas estruturas podem nos informar. Por exemplo: dor no inicio de um movimento geralmente associamos a uma alteração articular. Já uma dor ao permanecer muito tempo em uma posição pode ter origem nos músculos ou ligamentos. Dor associado a formigamento ou dormência nos faz pensar em uma dor de origem em algum nervo. 

    A osteopatia nos permite entender o significado de cada manifestação corpórea para assim escolher qual a melhor abordagem de tratamento para cada caso. 


Nos vemos, 


Diego Moraes 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tensão e a Emoção



     Você sabia que nosso estado emocional influencia no estado tensional de nossos muculos do pescoço e dos ombros? Um dos grandes responsáveis por essa conexão "EMOÇÃO - TENSÃO" é o NERVO ACESSÓRIO

     Esse discreto nervo é o 11º dos 12 pares de nervos cranianos que controlam as funções motoras, sensitivas e sensoriais das estruturas da cabeça e do pescoço. Ele tem origem no tronco cerebral, que é a região responsável pelas "reações emocionais". O nervo acessório inerva os músculos trapézio e esternocleidomastoideo (foto), além de outras estruturas do pescoço.
     
     Durante nossos diferentes estados emocionais como: expressões de raiva, alegria, tristeza, frustração, estresse, cansaço e excitação, as estruturas do tronco cerebral são fortemente estimuladas por impulsos provenientes de regiões mais centrais do cérebro. Esta ativação faz com que se dê uma resposta periférica das emoções, como é o caso do choro, da sudorese e do aumento da frequência cardíaca. Essa explosão de impulsos nervosos pode promover uma super excitabilidade do NERVO ACESSÓRIO, causando um estado de contração permanente dos músculos por ele inervado. Por esse mecanismo temos a sensação de tensão muscular nos ombros, "pescoço duro", episódios de torcicolos, dores de cabeça, etc.
     
     O mecanismo inverso também funciona: quem não relaxa e se sente mais calmo após uma simples massagem nos ombros? Pessoas estressadas, ansiosas, depressivas podem ser grandemente beneficiadas através da avaliação e correção de alterações musculares e articulares periféricas na tentativa de "quebrar" esse estimulo nocivo que produzimos quando não estamos emocionalmente bem. 
     
     Não esqueça: corpo e mente são inseparáveis!!


Nos vemos,


Diego Moraes